terça-feira, 12 de abril de 2011

Evangelismo Bíblico - Lição 03

Lição 3


O Problema do Evangelho Moderno
Por Ray Comfort
Tradução: Fernando Guarany Jr.


“O problema das pessoas que não estão buscando nem o Salvador nem a salvação, é que elas não entendem a natureza do pecado. A função peculiar da Lei é levar tal entendimento à mente e consciência das pessoas. Foi por isso que grandes pregadores evangélicos há 300 anos, no tempo dos Puritanos, e também há 200 anos, na época de Whitefield e outros, sempre se engajaram no que eles chamavam de a preliminar ‘obra da Lei.’”
Martyn Lloyd-Jones

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Comentário de Kirk Cameron: Pense profundamente nesta lição, porque a essência do Curso de Evangelismo Bíblico como um todo se baseia na ilustração dada neste capítulo. Ela expõe o motivo do pecador e revela as armadilhas da mensagem do evangelho moderno.

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Perguntas e Objeções

“Eu estou bem. Não preciso de Deus.”

Muitas pessoas sentem-se assim por causa da mensagem do evangelho moderno. Tal mensagem diz que Jesus vai ajudar seu casamento, acabar com o seu problema com as drogas, preencher o vazio de seus corações, dar-lhes paz e alegria, etc. Ao fazer isto, esta abordagem restringe o campo de influência do evangelho. Se a mensagem da cruz é só para pessoas que têm casamentos ruins, estão solitárias e têm problemas em geral, então aqueles que estão felizes no momento não verão necessidade de um Salvador.

Na verdade, o perdão de Deus em Jesus é tanto para pessoas com bons casamentos quanto para aquelas com casamentos ruins. Ela serve tanto para os felizes quanto para os infelizes. Ela é tanto para pessoas com problemas quanto para aquelas sem problemas. Ela é tanto para aqueles que estão sofrendo com seus pecados quanto para aqueles que estão usufruindo dos prazeres transitórios do pecado (Hebreus 11:25). Aqueles que acham que estão bem, precisam ser confrontados com a santa Lei de Deus e alertados para o fato de que infringiram inúmeras vezes. Somente assim conseguirão se enxergar através dos olhos do Juiz do Universo e correrão em direção ao Salvador.

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Quando comecei a analisar os registros de crescimento das igrejas de todo o país, fiquei horrorizado ao descobrir que 80 a 90 % daqueles que tomavam uma decisão por Cristo estavam se afastando da fé. O evangelismo moderno estava criando de 80 a 90 “desviados” para cada 100 decisões por Cristo.

Por exemplo, em 1991, uma grande denominação americana conseguiu 294.000 decisões por Cristo. Infelizmente, algum tempo depois, eles só conseguiram encontrar 14.000 dessas pessoas congregando, o que significa que eles não podiam responder por 280.000 das decisões obtidas – e este é um resultado normal no evangelismo moderno.

A tragédia do evangelismo moderno é que, na virada do século XX, a igreja abandonou a Lei em sua capacidade de converter a alma e conduzir os pecadores a Cristo. Com isso, o evangelismo moderno teve que encontrar outra maneira de os pecadores responderem ao evangelho. A maneira escolhida foi a da “melhoria de vida.” O evangelho degenerou-se para algo como “Jesus Cristo lhe dará paz, alegria, amor, realização pessoal e felicidade eterna.” O clichê que resume esta abordagem é algo assim: “Você nunca encontrará a verdadeira felicidade até aceitar a Jesus. Você tem um vazio em seu coração que só Deus pode preencher. Deus curará o seu casamento e acabará com seus vícios. Ele resgatará você das dificuldades financeiras e se tornará o seu melhor amigo.” A seguinte anedota ilustrará a natureza extra-bíblica deste ensino tão popular.

Dois homens estão sentados em um avião. O primeiro recebe um pára-quedas e é orientado a colocá-lo para que tenha uma viagem melhor. Ele fica um pouco cético no início, pois não consegue ver como o fato de usar um pára-quedas dentro de um avião poderia melhorar a sua viagem. Mas, ele decide experimentar para ver se a promessa é verdadeira. Quando coloca o pára-quedas, ele sente seu peso sobre os ombros e percebe que tem dificuldades para sentar reto. Entretanto, se consola com o fato de que lhe disseram que o pára-quedas melhoraria seu vôo. Então, ele decide dar um tempo para ver o que acontece.

Enquanto espera, ele nota que alguns dos outros passageiros estão rindo dele por usar um pára-quedas dentro de um avião. Ele começa a se sentir um tanto humilhado. Eles continuam a rir e apontar para ele até o ponto em que ele não agüenta mais. Ele se encolhe em seu assento, arranca o pára-quedas e o lança ao chão. Desilusão e amargura preenchem o seu coração, pois, pelo que ele percebeu, contaram-lhe uma completa mentira.

O segundo homem também recebe um pára-quedas, mas ouça só o que é dito a ele: dizem a ele para colocar o pára-quedas porque a qualquer momento ele terá que saltar do avião, que está a 25.000 pés de altura. Ele fica grato e coloca logo o pára-quedas. Ele nem nota o peso sobre seus ombros, muito menos que ele não consegue sentar direito. Sua mente é consumida pelo pensamento do que aconteceria se ele saltasse sem o pára-quedas.

Analisemos, então, o motivo e o resultado da experiência de cada passageiro. O motivo do primeiro para colocar o pára-quedas foi somente para melhorar sua viagem. O resultado de sua experiência foi que ele foi humilhado pelos passageiros, ficou desiludido e um tanto amargurado em relação àqueles que lhe deram o pára-quedas. Assim, ele põe na cabeça que nunca mais ninguém vai conseguir fazê-lo colocar uma coisa daquelas nas costas outra vez.

O segundo homem colocou o pára-quedas apenas para escapar do salto vindouro e, por causa do seu conhecimento em relação ao que aconteceria se ele saltasse sem o equipamento, passou a ter uma profunda alegria e paz em seu coração, sabendo que estava salvo da morte certa. Tal conhecimento dá a ele a habilidade de resistir à chacota dos outros passageiros. Sua atitude em relação a quem lhe deu o pára-quedas é de verdadeira gratidão.

Agora ouça o que os métodos de evangelismo moderno têm dito: “Coloque o Senhor Jesus Cristo. Ele dará a você amor, alegria, paz, realização pessoal e felicidade duradoura.” Em outras palavras, Jesus melhorará a sua viagem. E os pecadores respondem ao apelo e, de uma maneira experimental, colocam o Senhor Jesus para ver se a promessa é verdadeira.

E o que conseguem com isso? A prometida tentação, tribulação e perseguição – os outros “passageiros” fazem chacota deles. Então, o que fazem? Tiram o Senhor Jesus; se sentem ofendidos por causa Palavra. Ficam desiludidos e amargurados... e com razão. Prometeram-lhes paz, alegria, amor, realização pessoal e tudo o que conseguem são provações e humilhação. Sua amargura é direcionada àqueles que lhe deram as “boas novas”. Seu último estado torna-se pior que o primeiro (2 Pedro 2:20), e aumentam as fileiras dos chamados “desviados” inoculados e amargurados. Ao invés de pregarmos que Jesus melhora a viagem, nós devemos é alertar os pecadores que eles terão que saltar do avião – que aos homens está ordenado morrer uma só vez, vindo, depois disto, o juízo (Hebreus 9:27). Quando o pecador entende as horríveis conseqüências de quebrar a Lei de Deus, ele correrá para o Salvador, simplesmente para escapar da ira vindoura. Se quisermos ser testemunhas verdadeiras e fiéis, é isso que devemos pregar – que há uma ira vindoura – que Deus “ordena todas as pessoas em toda parte que se arrependam; porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça” (Atos 17:30, 31).

A mensagem do evangelho não se trata de melhoria de vida, mas de justiça. Não importa o quanto um pecador possa estar feliz, ou o quanto ele está usufruindo dos prazeres transitórios do pecado; sem a justiça de Cristo, ele perecerá no dia da ira. Em Provérbios 11:4 é dito: “As riquezas de nada aproveitam no dia da ira, mas a justiça livra da morte.”

Paz e alegria são frutos legítimos da salvação, mas o que não é legítimo é usar tais frutos como uma isca para salvação. Se continuarmos a fazer isto, os pecadores continuarão a responder com motivos impuros, destituídos de arrependimento.

Você se lembra porque o segundo passageiro tinha alegria e paz em seu coração? Era porque ele sabia que o pára-quedas iria salvá-lo da morte certa. Da mesma forma, como crentes nós temos “alegria e paz em nossa crença” (Romanos 15:13) porque sabemos que a justiça vai nos livrar da ira vindoura.

Com isso em mente, vamos analisar um incidente a bordo do avião: eis que uma comissária de bordo novata está em seu primeiro dia de trabalho. Ela vem passando com uma bandeja de café quente, esperando que seu primeiro dia fique marcado nos passageiros – e ela consegue! Pois, quando vem caminhando pelo corredor, ela tropeça nos pés de alguém e despeja o café quente sobre nosso segundo passageiro.

Qual a reação dele ao sentir o líquido fervente queimar sua pele? Será que ele diz: “Ai, que dor!” Sim, diz sim. Mas, será que ele tira o pára-quedas, joga-o no chão e grita: “Seu pára-quedas estúpido!”? Não. Por que ele faria isso? Ele não colocou o pára-quedas para melhorar sua viagem. Ele o colocou simplesmente para salvar-se do salto mortal. Se é que o incidente com o café tem algum efeito sobre ele, é o de fazer com que se agarre com mais força ainda ao pára-quedas ansiando pelo salto.

Se colocarmos o Senhor Jesus pelo motivo correto, isto é, para fugir da ira vindoura, quando a tribulação chegar, quando o vôo ficar turbulento, nós não ficaremos com raiva de Deus, e não perderemos nossa alegria e paz. Por que haveríamos de perder? Nós não fomos a Cristo para ter uma vida melhor, mas para fugir da ira vindoura. O que a tribulação faz é levar o crente para mais perto do Salvador. Infelizmente, temos multidões de pessoas que confessam a Cristo, mas que perdem sua alegria e paz quando a vôo fica turbulento. Por quê? Elas são produto de um evangelismo humanista e vão ao Senhor sem arrependimento – e sem arrependimento não podem ser salvos.

Perguntas

1. Qual o percentual daqueles que tomam uma decisão por Cristo se deviam da fé?

2. Qual é a tragédia dos métodos modernos de evangelismo?

3. Qual foi o resultado da experiência do primeiro passageiro? (pág. 30)

4. Qual foi o resultado da experiência do segundo passageiro?

5. O que deveríamos estar dizendo aos outros “passageiros”?

6. O que a Bíblia diz que “livra da morte”?

7. Por que um Cristão deveria ter alegria e paz?

8. Como Cristãos, o que a tribulação deveria fazer conosco?

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O Pregador


Zé Morno: “Oi, Dona Amélia. Como vai? Elton já está no escritório?”
Dona Amélia: “Vão sair para almoçar de novo, hein? Não o vi passar por aqui ainda hoje. Ele veio trabalhar com uma ressaca horrível na semana passada. Provavelmente aconteceu o mesmo hoje. Como foi a culto?”
Zé Morno: “Foi muito bom. O Pastor A. Guado veio fazer uma série de encontros de cura. Centenas de pessoas entregaram seus corações ao Senhor. Estou encarregado do acompanhamento delas. Nunca havia pensado como é tão fácil salvar as pessoas. Muitos foram curados e as pessoas vinham ao altar sem nem precisar fazer o apelo.”
Dona Amélia: “Que benção. Ele foi lá na nossa igreja também. Ele defende o ‘evangelismo pela amizade’, não é?
Zé Morno: “Sim, o tipo de evangelismo que eu gosto. É o que eu tenho usado com o Elton. Temos nos tornado bons amigos com o passar dos anos.”
Dona Amélia: “Eu gosto dessa abordagem. É muito melhor que empurrar o evangelho pela garganta das pessoas.”
Zé Morno: “É mesmo. Isso pode afastá-los. Eu estou esperando a hora certa de mencionar as coisas de Deus para o Elton. Não quero que ele se sinta mal, sabe? Ele até já foi em um culto lá na igreja e parece que gostou. É por isso que gosto do evangelismo sem confrontos. Mas, ele não entregou seu coração a Jesus. Talvez hoje ele toque no assunto. Eu mesmo não toco nesse assunto porque não quero ofendê-lo. Sou só um bom amigo e acho que esta é a abordagem correta.”
Dona Amélia: “Concordo. Vou ligar para o terceiro andar e falar com a secretária dele. Talvez ela saiba porque ele está atrasado.”
Zé Morno: Certo.
Dona Amélia: “Jane, aqui é Amélia. Elton já chegou? É que o Zé Morno está aqui querendo. . .”
Zé Morno: “O que foi? A senhora está pálida!”
Dona Amélia: “Elton morreu esta madrugada. Ele teve um aneurisma enquanto dormia e faleceu às 8:17 esta manhã...”
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Versículo para Memorização

“As riquezas de nada aproveitam no dia da ira, mas a justiça livra da morte.”

Provérbios 11:4

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Ultimas Palavras

Daniel Webster declarou pouco antes de sua morte:

“O grande mistério é Jesus Cristo – o Evangelho. Qual seria a condição de cada um de nós se não tivéssemos a esperança de imortalidade?... Graças a Deus o evangelho de Jesus Cristo trouxe a vida e a imortalidade à luz.”

Suas últimas palavras foram:
“Eu ainda vivo.”

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Tradução: Fernando Guarany Jr.
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